Wall Of Eyes
Smile, The
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Um álbum inacabado dos Beach Boys ou uma banda que se viria a tornar nos Queen, Smile tem sido nome de muitas coisas. Haverá razões para as escolhas de Tom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner optarem por este nome para o projecto (os tempos, serão os tempos? precisamos de sorrisos?), mas não deixa de ser curioso que o sorriso exista em paralelo com uma existência dos Radiohead, enquanto os Smile fazem música que poderia ser um álbum dos Radiohead. Os Radiohead foram enormes a nível criativo, depois decidiram entrar na fase U2 (ou, para puxar a piada, Queen): o que está feito, está feito (e terminou em “Kid A” e “Amnesiac”), o que se segue depois será visto como bom, mas não como revolucionário, importante e falados como os discos de “mas estás parvo, o ”In Rainbows“ é muita bom” (algo que muitos de vocês estarão a pensar neste momento e, para os efeitos da conversa, sim, é muita bom, mas não é revolucionário). Uma banda contém um número limitado de revoluções, mas os Radiohead conteram-se nesse projecto para passarem a fazer só disco bons. Nada de mau nisso, dá prestígio, não chateia ninguém e não há mal em envelhecer sossegado, mesmo que se comece aos trinta. Só que cansa e quando as coisas cansam, procuram-se coisas novas. Daí os Smile. Aquela segunda casa que um casal aborrecido compra só para ter de fazer qualquer coisa, porque sim, porque não há mais nada a fazer (justiça seja feita, talvez os Radiohead não tenham mais nada a fazer). Por isso, compra-se uma segunda casa, para se ter uma nova cozinha, um novo fogão, um frigorífico novo e um forno todo pipi. Mas a comida saberá sempre ao mesmo, porque o casal é o mesmo, o aborrecimento também. Só a casa é que é nova. Os Smile são assim, já “A Light For Attracting Attention” o era. E agora “Wall Of Eyes” também. É bom, mas é uma segunda casa. Talvez um dia se abatam aqueles pinheiros e se construa uma piscina.