FLUR 2001 > 2025



Mr. Wollogallu

Carlos Maria Trindade / Nuno Canavarro

União Lisboa

Preço normal €80,00

Taxas incluídas.
Exemplares de armazém. Vinil em estado novo, capa interior em estado excelente. capa exterior em geral excelente mas alguns exemplares podem apresentar pequenos defeitos resultantes de armazenamento prolongado, como sejam cantos enrugados e um ou outro vinco sem grande importância. / Warehouse copies. Vinyl is new and unplayed. Inner sleeve in excellent condition. Cover in overall excellent condition but some copies might have small defects from prolonged storage, such as slightly crushed corners or a couple of wrinkles.

A gravação destes paraísos artificiais ocupou cinco meses nas vidas de Carlos Maria Trindade e Nuno Canavarro (Janeiro-Junho de 1990), até se atingir a música que CMT descreve nas notas como planando "confortavelmente a baixa altitude" e sugerindo uma "bebida à temperatura ideal". Canavarro escutou no estúdio de CMT a composição que viria a chamar-se "Guiar", perguntou se havia outras como essa, algo que Trindade registava como mero exercício para os dedos. O mergulho nos arquivos sonoros, esboços e afins, aconteceu também no estúdio de Nuno Canavarro, iniciando-se portanto uma troca mútua de inputs sobre o trabalho do outro. Um dos lados do LP é atribuído a CMT, o outro a NC, supondo-se que correspondem ao material de base de cada um dos músicos, depois trabalhado em conjunto. As referências que já se leram sobre um Quarto Mundo sonoro, como aquele "descoberto" por Jon Hassell, talvez não sejam as mais adequadas. Escuta-se, sim, um deslumbramento pacífico e pacificador com sons e timbres normalmente associados a paragens longínquas (do ponto de vista europeu), e a pesquisa parece vaguear tranquilamente por uma área musical até bastante clássica (no sentido académico do termo), que abre esses outros mundos de forma plural, ou seja, não pretende impermeabilizá-los sob uma capa de experimentalismo. Dir-se-ia que tudo soa casual, sem esforço, apreciador do momento, potenciador de uma relativização da vida na sua essência mais simples e natural.
Ajuda a clareza do som, o brilho digital que já começava a ser comum nos estúdios, as melodias universais. Possivelmente, filtrando o exotismo que ambos os músicos quiseram definir nesta música, trata-se de um álbum eminentemente português. Questão de sensações, talvez, mas vários pontos de contacto sugerem isso: a saudade, as viagens, a brisa, a melancolia, a paisagem, a tradição, o sol. Não vamos argumentar que só teria sido possível gravar tal disco em Portugal, mas se foi em Portugal então não será descabido dizer que não haverá muitos sítios para além da zona de Lisboa onde seria possível, com justeza e naturalidade, conseguir semelhante confluência de estímulos. É uma conclusão por verificar, claro, sendo mais fiável o que contou CMT sobre as muitas pausas que ele e Canavarro faziam durante os cinco meses de estúdio, nas quais falavam de tudo menos de música, e então essas conversas, as temáticas abordadas, encontravam muitas vezes expressão na música que depois retomavam. Mais uma vez no reino das sensações, "Mr. Wollogallu" como que sintetiza os estranhos e belos recantos de "Plux Quba" (Nuno Canavarro) e certo tapete instrumental de Madredeus, que Rodrigo Leão veio a estender de forma mais tradicional e certa, expectável, mas que Carlos Maria Trindade, neste álbum com Canavarro, prolongou em tangente, em desvio, tacteando, sem contudo parecer alienar uma alma que fosse.
Trabalho musicalmente abrangente, só possível com equipamento electrónico, apesar dos vários sons e instrumentos orgânicos utilizados. Um disco que não tinha contexto em Portugal, quando saíu em 1991, e por isso permaneceu décadas largamente sob a superfície. Por isso, também, reemergem estes exemplares que agora vos apresentamos, stock parado à espera de acolhimento.