
Antigone
Eiko Ishibashi
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Da última vez que ouvimos Eiko Ishibashi foi na assombrosa banda-sonora de "Evil Does Not Exist", de Ryusuke Hamaguchi, que na altura nos surpreendeu pela abordagem ao drone e à ideia de paisagem que evolui ou não (depende de cada um). "Antigone" é um comprimido bem diferente e, talvez, inesperado. O que vemos quando olhamos para "Antigone"? O interior da cabeça de Eiko operando da forma mais clara possível, entre pop, jazz, fusão, com tiques de música concreta, soando àquele Japão das reedições que hoje descobrimos e compramos - e adoramos - mas feito agora. Sem pó, as inevitáveis referências, apenas um imaginário que existe entre a fantasia, a ficção científica e uma contemplação de música que não existe. A mais pura das reações é de que esta música não existe, tal como não existia a de "Evil Does Not Exist". Isto, claro, até Eiko a fazer. Por isso, talvez voltemos atrás e sejamos obrigados a reformular a ideia: "Antigone" não é um comprimido bem diferente, é o negativo do negativo de "Evil Does Not Exist". Essa é a insanidade de "Antigone", um álbum redondo de redondinho, que nos dá pop familiar como nunca a ouvimos. Tudo no sítio, tudo ao encontro da inevitável paixão. Só grandes canções. Para quê esperar por 2055 quando se pode apaixonar por esta música agora?