
És pregunta
Tarta Relena
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Fenómeno catalão que tem sido, a par de Marina Herlop, o mais visível desta nova electrónica espanhola que reveste a tradição com cores pouco usuais. Contudo, ao contrário de Herlop, as Tarta Relena (Helena Ros Redon e Marta Torrella i Martínez) não desgrenham da tradição e é aí que está a raiz disto tudo. Seja em "Fiat Lux" ou "Ora Pro Nobis" e, agora, neste "És Pregunta", que saiu primeiro em digital no final do ano passado, e conhece agora a sua edição física pela Latency (que trouxe "Estradas" de Nídia e Magaletti). Aqui o desejo é ambicioso, misturar diferentes gestos da música tradicional do mediterrâneo e incorporar esse passado numa carapaça altamente contemporânea. A voz é central - aliás, a voz é quase tudo. É a voz que cria os padrões, enquanto algo místico se levanta e se vai colocando aos poucos, como azulejos a formar um padrão. A electrónica enriquece o centro, quase como um complemento para fazer com que a música não se fique pelas suas raízes - o que já de si era suficiente - e crie uma espécie de ficção científica sonora. "És Pregunta" é quase como música de uma realidade alternativa aí existe as ua beleza. É real ou faz parte de outra dimensão? Não ajuda perdermo-nos nas consequência disto tudo, em que a beleza se mistura com lamento e a tragédia com uma ideia de glória. Há algo de místico aqui. Por vezes, somos tomados pela ideia de que o tradicional sempre foi assim e aqui não há nada de novo. É o passado a viver no futuro, sem pó. Objectivo cumprido.