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A Danger to Ourselves

Lucrecia Dalt

RVNG Intl.

Preço normal €18,00

Taxas incluídas.

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Desde as colaborações com Aaron Dilloway ou as trilhas para filmes e séries de TV, Lucrecia Dalt não é estranha a música difícil (já o faz desde sempre) e à ideia de sonorizar imagens. Com universo musical imaginativo, vasto, camaleónico até, sendo que qualquer disco na sua discografia sinaliza uma mudança de trajecto, uma vontade de cartografar as novidades do seu próprio universo, em "A Danger to Ourselves", e depois de um ataque epiléptico que quase a deixou sem batimento cardíaco, Dalt apresenta um disco-manifesto (sobre a vida), ou um disco-testamento (sobre a morte). "Cosa Rara", com David Sylvian, seu parceiro, reconstrói signos da música da sua Colômbia, enfatizando percussão processada, electrónica, sons metalizados, linha de baixo redonda, o som climático de acidentes rodoviários - há um beatswitch mais para o fim da faixa, dando lugar à voz de Sylvian, reduzindo a velocidade e aumentando a gravidade no tom, revelando corpos ensanguentados e desconfianças amorosas sob as luzes abafadas da noite. Em "No Death No Danger", uma Lucrecia Dalt sussurrante entra em territórios trip-hop, numa batida downtempo, bridge textural, atmosférica, a voz de Dalt em incisões rítmicas sobre o cruzamento entre o divino e uma definição particular de amor. "caes", como primeiro single deste álbum, é uma colaboração com Camille Mandoki cuja voz se entrelaça harmonicamente com a de Dalt, por cima de percussão marcial e síntese modular, pontilhista. "aguita con sal" demonstra minimalismo regrado, com pinceladas electrónicas a causarem desconforto no meio de uma paisagem sonora formada por cordas, percussão esguia, sopros, a cama de som deixada pela reverberação de todos estes elementos, a voz de Dalt. Música pop? Sem dúvida: ouçam "divina" e contemplem a estranheza de um tema pop que não o quer ser. Mas Dalt enfatiza uma sonoplastia ousada, carregada de glitches, sons ásperos, sintetizados, uma lógica rítmica que deve mais à sua Colômbia do que à maioria da música pop ocidental. Anti-pop? mas que piada teria se isto fosse tudo igual? Lucrecia Dalt continua a provar que está acima da média no que à experimentação pop diz respeito.