Perseverance Flow
Natural Information Society
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Joshua Abrams e a sua Natural Information Society continuam com uma forma invejável, fazendo do melhor que há na actualidade no modelo avant-género: bebe a tudo, mas é jazz? Fácil de o colocar nesse grupo, porque sim, até porque não é música estranha, só música que absorve multitudes. Este "Perseverance Flow" afasta-se daquilo que temos ouvido do grupo - mesmo nos discos com Bitchin Bajas - e reescreve um novo tipo de orientação. Com o core em estúdio, Lisa Alvarado, Mikel Patrick Avery, Jason Stein e Abrams, os Natural Information Society registam aqui 37 minutos de música contínua. O contínua importa, porque há um efeito de repetição na peça que para lá do seu lado hipnótico, joga com as noções do ouvinte dessa repetição: por exemplo, para o final, quando um som e baixo destabiliza a harmonia da repetição e cria uma espécie de glich analógico na peça. Parece que o som distorce, mas não, é só o efeito da anomalia a perturbar a ideia de continuidade e repetição. Contudo, é essa mesma anomalia que dá um porto seguro de como é este tipo de coisas que os humanos ainda conseguem fazer e distanciar-se de tudo, de tudo. Gravada num dia no Electrical, em Chicago (os músicos gozam, dizem que entraram às 11 e saíram a tempo de ir apanhar os miúdos na escola), "Perseverance Flow" resulta de largos meses a tocar a peça ao vivo para perceber como isto encaixaria no sítio certo, sem sair do imaginário dos Natural Information Society. Bebe tanto à música de dança - ao footwork - como ao jazz. É uma peça absolutamente magnífica, daquele hipnótico que salta o cliché do hipnótico e transcende uma ideia de género. É, isso mesmo, música.