
Clube Da Esquina
Milton Nascimento & Lô Borges
Japanese Edition w/ OBI strip
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Um tesouro, um milagre. Clube da Esquina nasce da bonita colaboração entre Milton Nascimento e Lô Borges - este último, com 10 anos, conheceu Milton Nascimento a tocar na rua e formou-se uma amizade com base na música no respeito mútuo - gravam este disco em Nitéroi, no Rio de Janeiro, de onde também é retirada a fotografia da capa, apesar de o Clube da Esquina verdadeiro se localizar em Santa Tereza - terá sido onde os irmãos Borges e os irmãos Nascimento se encontravam para travar amizade e música. O realismo social da lírica é evidente e harmoniza com a imagem do disco - no âmago da ditadura militar no Brasil, até as gravações das músicas não foram fáceis. No coração dos 60s, os Beatles foram uma influência gigante na música de ambos, sendo que a transição para piano na "Cais", de Milton, é uma evidência dessa experimentação estrutural e harmónica. Espécie de disco "split", já que temos faixas ora de um, ora de outro - "Trem Azul" de Lô Borges é também uma homenagem à candura acústica e harmónica dos Beatles, com melodia de voz bonita sobre guitarras emotivas. "Nuvem Cigana" já eleva e expande os arranjos, com cordas dramáticas e sopros ribombantes que harmonizam por cima dos acordes de guitarra, fazendo invariavelmente lembrar os progressos na música pop a nível global e como tudo isto influenciou, por sua vez, a pop brasileira a expandir-se e ganhar uma identidade singular. Falar em detalhe de todas as faixas do disco ocuparia centenas de páginas e este não é um disco que precise de grandes introduções. É um álbum bonito, sobre o que é ser jovem no Brasil, influenciado por um mundo que se ia revelando e que, nele, consegue aglomerar todas as influências que marcaram a MPB (e o Brasil como compêndio cultural e arquivo de herança europeia e africana) e que mostra dois autores, dois músicos no pico da sua criatividade (Lô Borges tinha apenas 18 anos quando entrou num estúdio pela primeira vez durante a gravação deste disco). Conseguimos meter as mãos em cópias a um preço relativamente acessível, numa reedição japonesa com OBI. Só dizemos quando é verdade: obrigatório.