
Beautiful Rewind
Four Tet
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O recente single Kool FM (também presente aqui) indica uma poderosa homenagem aos dias bravos do jungle pirata, e que sinal dá isso acerca de Beautiful Rewind? Na superfície, talvez o título possa ser interpretado como declaração de amor pela cultura bass inglesa, uk garage em particular (Reeewiiiiind!), mas ainda que acertemos nesta tentativa de adivinhação, o que se escuta realmente neste álbum é Kieran Hebden (Four Tet) cada vez mais à vontade com um formato especial de música de dança, algo que ele criou a partir de sinais genéricos e formatos previamente aceites e testados por outros. É uma espécie de apropriação mas, indo mais longe, é mesmo uma vontade de Four Tet em estar próximo dos sons que o fizeram saltar nos clubes. Beautiful Rewind é focado e desfocado. No primeiro caso, focado na experiência e memórias do músico; no segundo caso, desfocado por tanto amor deixado à solta. Uma sugestão fugaz de Burial em Gong, vozes de MCs abafadas no meio do som, vozes femininas que fazem intuir hits pop que nunca o serão (mas a semente está lá), harmonias celestiais como em Ba Teaches Yoga ou Unicorn, pequenos nadas como em Ever Never. Cada um de nós pode seleccionar os pedaços mais relevantes e se calhar nunca teríamos o mesmo álbum. Four Tet está nesse ponto: a música que faz dilui-se no centro da cultura pop / dança da actualidade, é discreta dessa forma, não sobressai na multidão, e por isso mesmo soa profundamente pessoal.