DC Snuff Film / Waste Yrself
Teen Suicide
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Fala-se muito das várias ondas da música Emo, que teve o seu início nos 90s. 20 anos mais tarde, na era do Tumblr onde consciencializações não-binárias aliaram-se a uma nostalgia pelos 90s, bem como uma estética lo-fi e o slacker rock dominante na inspiração dos autores (influenciados sobretudo por artistas como Guided by Voices, Pavement, Sebadoh, Daniel Johnston, Bright Eyes, entre outros), Teen Suicide surgem no âmago desse ecossistema online. Entretanto deixaram de ser adolescentes, e nós também, o que pode significar que as letras aqui cantadas criem uma certa alienação pelo teor depressivo e derrotista. Mas fugindo ao típico sabor "whiny" associado ao Emo, a lírica de Sam Ray consegui atingir contornos bastante abstractos e abertos a uma interpretação mais descomprometida (basta olharem para as letras de "salvia plath", desconjuntas e com uma perspectiva invulgarmente optimista). Estética geral propositadamente podre, suja, paradoxalmente embelezando as músicas que, apesar de simples, são entregues com honestidade e devoção. Quando vai além dos riffs com distorção, um pouco à moda do que Wavves fez nos primeiros dois discos, a música entra numa dimensão do belo e do transcendente - a banda de Sam Ray gosta de misturar manipulações de fita, passagens ambientais com pads etéreos e bonitos (mais que este, o disco "i will be my own hell" é uma masterclass de fusão de géneros dentro do Emo) e um sentimento de desolação total não muito afastado da escola dos anos 90 (Bright Eyes é evidentemente parafraseado, bem como toda a música emocional do Midwest americano). "Skate Witches" começa com um sample em fita que se autodestrói. Junção de dois dos discos mais emblemáticos destes residentes de Maryland, sendo esta colectânea importante na recontagem da história do rock americano, que também passa por aqui e é muitas vezes ignorado por entrar no campo de música de queixume. Expressão esotérica adolescente, combate musical com demónios interiores, expiração de desalentos e alívio constante. Música verdadeiramente catártica para quem ainda vive as emoções de forma descontrolada, ou para todos os que são naive. Música também para quem toma diazepam, ritalina ou prozac - não se enganem, isto é o melhor elogio que se pode dar a Teen Suicide.