Suntub
ML Buch
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Ouvir de uma geração que cresceu num overload de informação música que deixa tudo acontecer tem qualquer coisa de maravilhoso. Nada a ver com a ideia de que “afinal não está tudo perdido” e, sim, pela sensação de que as coisas se regeneram, encontram um caminho. A música de ML Buch tem sido associada a uma espécie de rádio FM dos 1970s redux e percebe-se o porquê. Talvez a coisa não seja tão clara quanto isso, tal como a geração que era adolescente quando começou a explorar as maravilhas do Napster - e de tudo o que se seguiu -, depois de ter crescido com o VHS e a piroseira digital dos 1990s, passou parte dos 2000s a fazer hypnogogic pop, há algo de natural que os que vêm a seguir, apoquentados pelo excesso de tudo na ponta dos dedos assumam uma retracção, ou até uma espécie de regressão. “Suntub” tem feito das delícias de quem para por ele, muito porque consegue estar no mesmo lugar em quinze canções, sem grande distinção entre uma e outra, e, durante esse tempo todo, nunca soar a repetição, chato, intolerável. Bem pelo contrário, é estimulante, mesmo que o cérebro reaja à sonolência da voz de ML Buch, a verdade é que ela estimula, como uma espécie de visão pós-ASMR. No fundo, ML Buch é o resultado da saturação de tendências, da explosão de microsentimentos e encontra a resposta na simplicidade e total distorção do tempo, da sensação de que ele passa ou de que, afinal, estamos presos na mesma canção há quarenta minutos. Nada falha aqui, é música que age por não agir, que exige apenas que seja ouvida para nos deleitarmos com este buraco existencial.