Changes In Air
Kara-Lis Coverdale
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O terceiro e último álbum de Kara-Lis Coverdale em 2025 esclarece que este trio não é para ser considerado uma trilogia, que são, na verdade, três elementos separados que representam apenas uma coisa: a criação da artista durante uma longa ausência das edições. Não são para provar trabalho feito – e, se é, será apenas para arrumar um conjunto de coisas, nada mais – e, muito menos, uma declaração de interesses do seu talento. Isso, há mais de uma década, que sabemos que o tem. O que os une, além de serem do mesmo artista, de serem lançados no mesmo ano, é serem todos maravilhosos, independentes uns dos outros. Daí até ser melhor não os pensar como uma trilogia, para não atrapalhar nem atormentar qualquer ideia de individualidade de cada um deles. “Changes In Air” é o resultado de uma residência em Oslo, cinco composições minimalistas num órgão electrónico e piano, que tanto fazem lembrar Arvo Pärt como Sun Ra. Peças minimalistas, com o dom raro de flutuarem entre a calma, meditação e um êxtase. A contenção comanda este álbum, onde tudo levita em constante sensação de realização, como se a compositora se fosse apercebendo de algo à medida que fosse tocando cada nota. A sensação, para o ouvinte, transcende a mera audição, é uma experiência cósmica com a própria ideia de som. Se na altura de “A Series Of Actions In A Sphere Of Forever”, o segundo álbum de 2025, ficámos surpreendidos pela ideia de um segundo álbum ser igual ou superior ou primeiro álbum deste ano, com “Changes In Air” a ideia repete-se. Não porque seja um feito fenomenal lançar três álbuns soberbos num espaço de meses – embora o seja -, mas pela forma como somos absorvidos e engolidos por esta música que nos leva para sítios diferentes. Kara-Lis Coverdale centrifuga-nos no processo criativo, com formas inesperadas e um desejo que isto se estenda para o infinito.
