Duo in Concert
Derek Bailey & Paul Motian
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style="text-align: justify;">A guitarra de Bailey parece tocar-se a ela própria, tal é o automatismo, a precisão, a repetição de padrões aparentemente similares, mas com nuance e personalidade específica em cada composição frásica, nos dedilhados, nos harmónicos, nos momentos aparentemente atonais. A guitarra de Bailey é como uma criança hiperactiva, a transbordar de energia e sem forma de a conter. A guitarra de Bailey... para quem não a conhece, não há nada que soe igual. Este é um daqueles discos que podiam nunca ter visto a luz do dia, não fosse pelo incansável trabalho da editora Frozen Reeds. Paul Motian, nome habitual no catálogo da ECM, entrou em colaborações com Bill Evans, Bill Frisell, Keith Jarrett e outros. A dinâmica entre os dois passa por vários momentos de um pára-arranca descontrolado, onde sempre que caem os tais "drops" de massa sónica dá-se uma espécie de epifania, não pelo carácter surpreendente da comunhão linguística que ambos os músicos estabelecem entre si, mas pelo próprio volume de som que emana apenas de dois instrumentos. Os "licks" de Bailey funcionam como teias de aranha, cujos finos tecidos interlaçam em harmonia nas sequências rítmicas de Motian, e cujo timbre, de uns agudos cristalinos, faz ressoar nos feedbacks uma incisão semelhante à dos aracnídeos. Duas explorações ao vivo (o lado de Nova Iorque é mais lo-fi na gravação) incluídas neste disco que revelam um tipo de simbiose e harmonia, onde cada situação frásica se trata de uma lição em comunicação sónica, e que só pode ser fruto de obra divina. Remasterização de Jim O'Rourke. Uma lição na história da música de improviso.