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Bruits Et Temps Analogues

Patrick Vian

Staubgold

Regular price €12,50

Tax included.

Patrick Vian, descendente de Boris Vian, consagra em Bruits et Temps Analogues toda uma linhagem do prog e da música electrónica francesa dos 70s. A síntese é omnipresente, o portal para as excursões intergalácticas. Fiel ao psicadelismo do seu tempo, a guitarra, ora rasgando, ora melodiando, acompanha as linhas em sintetizador etéreas que se ouvem em "Sphère". Baterias sempre quebradas, recorrendo muito a ghost notes, dão o ritmo necessário às convulsões espásmicas dos outros instrumentos. Com uma poderosa palete de cores que se revela transversal ao disco, Vian dominava a síntese subtractiva como poucos - seja em pads celestiais, ascendências ou descendências a pique auxiliadas pelos filtros, laivos de texturas (metalizadas, gordas ou cristalinas) - tudo sob o pretexto de conferir realismo à nossa viagem interplanetária. "Grosse Nacht Musik", como o nome indica é o acompanhamento perfeito para fitarmos o espaço sideral: combos de síntese harmónica, com laivos impressionistas onde vários sintetizadores vão soando de formas diferentes, espontâneos, arpejando, melodiando, dando a textura para que se traduza em som a riqueza do céu nocturno. Marimbas, xilofones, congas e linhas de baixo tomam conta da secção rítima, dando uma cadência mais far out - relativa a um outro lugar - ao chilrar das aves e ao tom alienígena da síntese do músico. Tanto em "Oreknock" como em "Barong Rouge", verdadeiramente paradisíacos, os temas desafiam a percepção do espectador - ouvem-se instrumentos de sopro ou um sintetizador? não sabemos, o mistério fica. Um disco riquíssimo em ideias, dando as mãos a contemporâneos do autor como Richard Pinhas - à semelhança de Heldon, Vian criou uma constelação de referências, desenhos de som e fusões com outras gramáticas musicais como poucos o faziam até então. Nas linhas finais do disco, em "Tricentennial Drag" ouvimos uma linha de baixo que, samplada, daria o músculo necessário ao ritmo de uma faixa de techno. Ambiental, experimental, etéreo, mágico, vanguardista: é um convite aos ruídos e aos tempos analógicos de Patrick Vian.