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Red Cross

Filipe Felizardo & The Things Previous

Holuzam

Regular price €10,00

Tax included.

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CLIP1 - CLIP2


Ao fim de uma década e picos, há o à-vontade para se dizer que se aprendeu a viver com a música de Filipe Felizardo em diferentes estados. "Red Cross" fica registado como um álbum de pandemia - gravado em março de 2020 -, contudo ouve-se e sente-se como o capítulo seguinte ao brilhante risco que é "Vol. 9 After The Circle" (Discrepant, 2020). Aventura sónica em dois momentos, "Red Cross" homenageia John Fahey no título e no primeiro tema, "there's an endness to it", tema de guitarra que, segundo o próprio músico, serve para fechar o trabalho do músico em homenagem a John Fahey. O compasso que Felizardo imprime na guitarra dá-lhe o peso de uma tonelada de chumbo, puxado aos limites no volume da gravação, bem alto - e para ser ouvido ainda mais alto. A desenvoltura nas notas e a fluidez do pensamento que corre para o instrumento cria espirais sonoras que equilibram o dom da experiência, liberdade e maturidade. "when springtime comes again" pega na vertigem da espiral abordada no primeiro tema e dá-lhe uma volta para um drone com quase trinta minutos, onde o feedback reina e se deixa ir em pequenas flutuações que permitem que alguma luz entre no negro da peça. O aviso parece existir no título, há o sentimento de prisão daqueles dias, colados à-vontade de uns dias melhores. Esta peça cria laços com "After The Circle" pela sugestão de sons que manifestam ruídos caseiros. Ao contrário desse álbum, aqui não há registo do quotidiano, mas o som que Felizardo produz assemelha-se aos ciclos de certos sons de casa: como uma máquina de lavar, um aspirador, um frigorífico. São as frequências, as pequenas repetições e as subtis variações que remetem para esse lado. Para os dias de prisão voluntária, sem tempo, com tudo igual.