FLUR 2001 > 2025



[Sama´a] (Audition)

[Ahmed]

Otoroku

Regular price €35,00

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Stock limitado. Receberemos mais exemplares em meados de Dezembro.

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Há cerca de 10 anos, Pat Thomas, obcecado durante muito tempo com a música de Ahmed Abdul-Malik, decidiu juntar Antonin Gerbal, Joel Grip e Seymour Wright e criar um grupo que revisitaria o reportório do músico que nasceu em Brooklyn, filho de pais caribenhos, e que, a dado momento na vida decidiu reclamar a sua origem sudanesa. Abdul-Malik tocou com Thelonious Monk, John Coltrane e Randy Weston, mas aos músicos britânicos interessava, sobretudo, os álbuns assinados pelo próprio. Durante a última década os [Ahmed] têm tocado um pouco por todo o lado. Dois álbuns do ano passado, o épico de quatro horas “Giant Beuaty” e “Wood Blues”, surgiram em muitas listas de melhores do ano e isso deu-lhes um palco maior. “[Sama'a] (Audition)”, ao contrário da anterior discografia, é o primeiro registo que resulta de gravações de estúdio, e é o primeiro, de dois, que sairão desses dias de gravações no The Fish Factory, em Londres. “[Sama'a] (Audition)” é fruto de dez anos de trabalho? Sim e não. Sim, porque não haveria outra forma de o ser; não, porque as versões que se ouvem aqui – algumas delas estão presentes noutros registos da banda – são radicalmente diferentes das que se conheciam, não numa lógica de afinamento, mas uma de necessidade do próprio projecto em encontrar formas de encarar a música de Ahmed Abdul-Malik para lá do passado e presente, rumo a um futuro menos preconceituoso, classista. E eis o que torna a música de [Ahmed] tão incrível, essencial: olha para o abismo da contemporaneidade e rejeita-o, preferindo um caminho eufórico que torne esta música catártica, ao ponto de irmos (re)descobrir a música de Ahmed Abdul-Malik. O primeiro álbum em estúdio tem um ponto de partida óbvio, o primeiro registo de Abdul-Malik, “Jazz Sahara”, lançado em 1958. A obra original não tem piano, um desafio para Pat Thomas, como comandar o quarteto a partir do piano? O resultado cria uma relação paralela com o trabalho de Ahmed Abdul-Malik (que tocava contrabaixo e oud) e desmistifica os rótulos de world music – ou o que lhe quiserem chamar – com que a música de Abdul-Malik foi catalogada ao longo do tempo: e que ainda hoje acontece, por via de se associar o que não ocidental “às raízes”. Algumas editoras, reedições, radios e festivais continuam a fazer vida disso. Jazz, música global, sem a catalogação do diferente, talvez esse é o grande feito de [Ahmed] e de transcenderem uma visão fechada, através de interpretações que abrem o espectro do novo, com uma delinquência autista: oiça-se o tema final, até hoje nunca registado em disco, “Farah 'Alaiyna”, e a ferocidade animal que abate o ouvinte. Fixa-se a ideia na Beleza – “Giant Beauty” – e “[Sama'a] (Audition)” entrega isso com esplendor e graça. Uma obra que olha de forma diferente para espaço e tempo, fazendo música de todos os tempos, de todos os lugares. Uno. Absolutamente essencial.