Harry Smith´s Anthology Of American Folk Music, Volume Four
V/A
Para muitos de vocês Harry Smith ou Revenant são a bíblia. Também para nós. A famosa editora criada por John Fahey despede-se das últimas cópias do quarto volume da antologia – fizeram 500 exemplares, na tiragem que, juram, ser a última. Se se lembram de outras edições da Revenant – caixa do Ayler ou a caixa do Charlie Patton -, já sabem que depois acabam, não há mais, para sempre. É pena, mas é assim: adoram o “out of print”. Portanto, não hesitem um segundo em apanhar esta bonita e essencial edição que faz uma vulgar compilação corar de vergonha. História pura, aqui, nestes dois discos, que juntam sons primordiais da mitologia musical norte-americana, precursora de tantas coisas boas que fomos colhendo da folk mais contemporânea. Tudo graças ao excêntrico Harry Smith, que se tornou num arquivista da memória discográfica que rodava a 78 rpm. Os três primeiros volumes, editados em 1952, ficaram célebres após a sua reedição em 1997. O quarto volume, este, incompleto pelo próprio, veria novamente a luz do dia em 2000 e está desde há uns anos indisponível. Raspando a história entre 1927 e 1940, com foco no blues, bluegrass, nos pilares da folk, recuperando Lead Belly ou Robert Johnson, recuperando a Depressão e as lutas sociais, tudo acaba numa edição imaculada, lindíssima, com um livro de 96 páginas (ensaios de John Fahey, Dick Spottswood e Greil Marcus), ensinando o passado a todos nós.