Flamenca
Megabasse
Música em suspensão, o trabalho dos Megabasse - que até agora só existia em edições de circulação maior - ouve-se com uma existência temporária, gentil, em que kosmiche se junta com ambiente e com uma certa ideia de guitarras psicadélicas (não necessariamente o que estão a pensar). Faz-nos lembrar muito as variações noise/folk que iam surgindo na música experimental norte-americana da primeira década deste século (seja Charalambides ou Double Leopards) e, num outro nível, Woo (de outro tempo). A ligação não é óbvia e explica-se pela existência de música enquanto encantamento, ritual, que serve um escape. Em "Flamenca" o resultado é imediato e eficiente, exatamente pela ideia de suspensão, de começar num qualquer sítio em que nunca toca no chão. Ao fim de alguns minutos do lado A, "L'Ultimo Sacrifacio", é natural perdermos o norte e uma ideia de começo ou fim. Sem ritmo, uma valsa escapatória para os dias, todos os dias. Lindo.