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The Visitor

Jim O´Rourke

Drag City

Regular price €22,50

Tax included.

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Faz agora 20 anos desde que Jim O’Rourke apareceu na música. Quem se lembra dos seus primeiros passos e das suas primeiras palavras decerto terá presente o modo sôfrego com que absorvia tudo à sua volta, impondo a sua presença como um puto ainda imberbe muito seguro de si. Num recente post do blog de PBK (um decano do noise americano), o músico relembrava justamente esse ano de 1989 em que um jovem O’Rourke, ainda estudante de música na DePaul University, aparecia na sua vida telefonando-lhe várias vezes por semana para falarem sobre músicos e discos. Relembra conversas sobre Van Dyke Parks, Godflesh, King Crimson ou Robert Ashley e uma das muitas mixtapes que O’Rourke lhe enviou tinha música de Luc Ferrari, Luigi Nono, Kagel, Paul Dolden ou Olivier Messiaen. John Zorn foi outro dos músicos importunados: o saxofonista confessa-se responsável pela sua mudança para Nova Iorque, onde lhe deu guarida, ao saber que ainda vivia em casa dos pais. Ao mesmo tempo, foi esta sede de música, de conhecimento e de construção que o levou a bater à porta de mais músicos. Aprendeu a tocar possivelmente todos os instrumentos, mas sobretudo aprendeu a viver num estúdio, dando-lhe virtudes que o permitiram trabalhar em mais de 100 discos como produtor. Andou pelos Faust e Sonic Youth, e deixou no seu currículo poucos discos pop em nome próprio. Poucos mas os suficientes para hoje, em 2009, estranharmos a ausência e desejarmos que “The Visitor” não se tenha transformado, tal como a Drag City diz, no seu “Chinese Democracy”. Mas Jim O’Rourke está mesmo de volta e passaram – incrivelmente – oito longos anos desde “Insignificance”. E para quem quis mais Jim O’Rourke tem aqui tudo o que deseja – à excepção da sua voz. Um grande épico de um homem só, fechado numa cultura japonesa que obviamente o atraiu, recuperando e misturando aquilo que o fascina na música popular, mas que em poucos segundos de audição reconhecemos como sendo a sua música e de mais ninguém. São quarenta minutos fílmicos, repletos de insinuações e curvas sensuais, um jogo de revelações e pistas escondidas, uma história musical, mais importante que tudo, com um princípio, meio e fim. Um sereno álbum que nos obriga a muitas audições. Obrigatório.