Please Kill Me: The Uncensored Oral History Of Punk
Legs McNeil and Gillian McCain
Na história do rock deve existir sempre uma atração pela história não filtrada. Para da experiência foi – e será sempre – viver e experienciar o momento e, em parte, é por isso que somos atraídos para certos períodos onde a nossa relação foi mais intensa ou, pelo menos, mais presente. “Please Kill Me: The Uncensored Oral History Of Punk” é um presente envenenado, por um lado somos alimentados pela ideia de sem censura, por outro somos enganados por ela, porque apesar de ser composto por discursos diretos – bem editado por Legs Mcneil e Gillian McCain -, eles existem numa ordem, numa edição, numa criação de narrativa. Noutras palavras: este livro é a melhor experiência em segunda mão sobre o surgimento (e existência) do punk norte-americano. Os participantes são muitos – e muito ilustres – e os depoimentos vencem o umbiguismo destas situações e optam pelo pragmatismo da vivência. Ao ler “Please Kill Me” arruma-se a fantasia e absorve-se, peça a peça, as origens de diversas bandas norte-americanas e o seu papel na dita “cena”. Há alguma autoglorificação – sempre justificada, melhor, comprovada por qualquer outro contributo sobre uma mesma situação -, imensos relatos de concertos, na vida das ruas e da emergência de existir. “Please Kill Me” é uma gulodice, uma combinação perfeita sobre a inocência de fazer algo acontecer e de já existir nessa história. Ainda hoje, quase três décadas após a sua publicação original, continua a ser uma das leituras mais importantes sobre rock. Sem teorias, formulações. Só existência.