Toquei No Sol
Marlene Ribeiro
Rocket Recordings / Lovers & Lollypops
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Habituamo-nos a ver Marlene Ribeiro com outros, seja com os Gnod, com Valentina Magaletti ou Thurston Moore. “Toquei No Sol” tem tons de enigma, em parte porque antes de se ouvir não se sabe o que esperar. Depois, o que começa em “Quatro Palavras” é diferente do que se encontra em “Forever” ou “What It Is”. Gravado entre Irlanda, País de Gales, Madeira e Salford, o primeiro álbum a solo de Marlene Ribeiro ouve-se como uma estonteante viagem sónica, onde os sons se casam com epifanias e cada canção abre um manancial de novas formas de trabalhar texturas. Trocando por miúdos, é desarmante. Balearico ritualístico ou música no seu próprio trance. As meticulosas percussões entram nos ouvidos como hipnose, os sons colam-se queimados pelo sol (não é um jogo com o título, embora pudesse ser) e as melodias arregaçam as mangas para abraçar um caminho meditativo, sem fim. “Toquei No Sol” tem voz própria, por vezes soa ao disco que os Animal Collective nunca gravaram em Los Angeles dos 1970s. Ou então só – “só” – soa a um magnífico álbum de estreia, onde o delírio é rei e senhor. E nós vamos com ele, hipnotizados e apaixonados por este novo conceito de dreampop. Belíssimo. Muito recomendado.