Immunotherapy
Nozomu Matsumoto
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A música de Nozomu Matsumoto existe enquanto terapia. Não somos nós a dizer, está no título. Foi assim que tudo começou a acontecer com “Climatotherapy”, uma das melhores estreias na electrónica na última década. Matsumoto não tem parado e este ano regressou com este “Immunotherapy”, não uma sequela, mas um complemento a este trabalho onde mistura referências da música clássica moderna / contemporânea com texto lido por um computador. Esta leitura, ou melhor, a combinação disto com o instrumental, é parte do encanto da música deste japonês. A sensação de que se entra de imediato na lucidez destas palavras é estonteante, somos enfiados num vórtice de frases sintéticas e gerais, que resumem o estado das coisas (ou assim somos convencidos a). O facto de não ser, à primeira vista, uma coisa tão densa quanto isso, faz com que se assimile a música de Matsumoto com relativa facilidade. E, a partir daí, exploramos as camadas e camadas que existem por detrás da voz, as composições cheias de detalhes, que combinam vários aspectos da música contemporânea dos últimos cinquenta anos: neste caso é particularmente fabuloso como combina “ambient music” com conceitos de leveza de espaço da música contemporânea. Usar termos como “perfeição” podem ser pesados, mas a música de Nozomu é isso, perfeita. Combina execução com estética, faz acontecer um sem número de sentimentos que entram em nós com um vigor assombroso. Saímos destes vinte minutos diferentes de como entrámos. “Climatotherapy” tinha tudo para ser um one-off, um acaso que se tornou acontecimento. Mas ter feito algo ainda melhor em “Immunotherapy”, comprova que é um dos músicos mais importantes da sua geração. Para descobrir agora e não daqui a 40 anos, quando houver uma folga de descoberta de música ambient japonesa do início do século.