Spirit Exit
Caterina Barbieri
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Torna-se cliché faltar em espaço e tempo, ou em vórtices, quando se fala em música como a da Caterina Barbieri. Seja pela forma em escada com este género de synth-music se constrói, onde mistura new age com os altos e baixos do pós-rock (ou de Glenn Branca) ou pela forma como subverte as suas próprias mecânicas, estacionando as máquinas num qualquer êxtase orgânico. Por um lado, ouve-se como música de metamorfose, por outro, instala-se como música vítima de uma sociedade capturada por fórmulas, algoritmos, desejos aspiracionais e constante elevação. Depois de álbuns na Important e na Mego, Barbieri criou a sua editora, Light-Years para este “Spirit Exit”. Brian Eno em speed, talvez a melhor forma de ouvir este “Spirit Exit”, como se as estações ambientais de Eno estivessem a acontecer todas ao mesmo tempo e a alta velocidade. Demasiado informação ou música num movimento progressivo, como se estivesse a correr contra si mesmo, tentando bater recordes. Nunca para, o som acontece intenso, num cósmico-fantasmagórico que Barbieri até hoje tinha ficado por concretizar. Ao invés de construir muralhas de som, em “Spirit Exit” percorre-se essas mesmas muralhas, num movimento de elevação, sem queda. Por isso, ouve-se com algo sempre a acontecer. Urgente, arrogante, soberbo e, caindo no cliché, puxa-nos para outro lado qualquer. Uma viagem no meio de vários big bangs. O seu melhor disco? Possivelmente.