Myuthafoo
Caterina Barbieri
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Com música enraizada na memória, tempo e emoção, torna-se comum ter de voltar ao passado para perceber o presente. "Myuthafoo", o segundo álbum em dois anos de Caterina Barbieri", foge à sequência e ignora "Spirit Exit", o álbum do ano passado. Regressa aos tempos de "Ecstatic Computation" (2019), que deveria ter sido o primeiro álbum da sua editora - light-years, mas acabou por sair na Mego -, e aos mesmos instrumentos, paisagens, sensações. "Myuthafoo" foi gravado na mesma altura e posto de lado pela necessidade de Barbieri mover-se em frente e apresentar algo novo para os espectáculos ao vivo. Apesar do tempo e da simultaneidade, "Myuthafoo" tem sequências menos fechadas do que "Ecstatic Computation", a capacidade - ou ideias - de expansão que andava a trabalhar / programar naquela altura foram canalizadas para outras peças, presentes aqui com uma ideia mais próxima das multicamadas a aproximar-se do noise. Musculado, sensorial, "Myuthafoo" ganha sentido ouvido bem alto e num modo reset: não pensar na outra Barbieri e absorver a elevação e edificação destas frases minimais com uma mente limpa. Pela forma crua, rude, é o álbum menos tradicional e mais arriscado de Barbieri. Ainda bem que saiu da gaveta.